quarta-feira, julho 09, 2014

Manhã de feriado

Casais dormem até o meio-dia
depois da madrugada acesa.

A folha da árvore que não sei
o nome flutua sobre a praça XV
sem tocar a perna de ninguém.

Porteiros de prédios vizinhos
conversam aos gritos nos portões,
mas ninguém os ouve.

Os pássaros cantam espaçados.
Cães dormem enrolados.
O mendigo da Visconde de Inhaúma
traga o meio-cigarro que encontrou
ontem.

Berra pela rua o motor do circular
com motorista, cobrador,
senhor e senhora dentro.

Nos hospitais, os doentes respiram 
lentamente e continuam a morrer.

Maria Eugênia decide abandonar
a TV e assar um bolo de fubá.
Tobias interrompe um pensamento
para se lembrar de como é engraçado seu nome.
Carolina de repente abre os olhos e
agradece por ser ainda 8:33.

A moça do braço malhado
caminha à academia aberta até o 
meio-dia.

Chama a atenção do dono da banca
de jornal, que resolveu ele mesmo 
abrir as portas para não
arcar com 100% de hora extra.

O garoto desperta na cama dos pais
e cai em angústia
quando se lembra dos 7 gols da
Alemanha.

Minha avó espia a rua arcada
no gradil da sacada.
Um fantasma passa e ela não repara.

Um barulho de helicóptero
abafa o som de uma trepada.

Minhocas cavucam a terra do quintal
e as galinhas escolhem as mais gordas
para comer.

De repente, cheiro de incenso.

Na padaria, a freguesa bonita
pede para funcionária estranha
fatiar bem fino o presunto
e segura o pum para continuar bonita.

Céu com nuvens
feito ruas com trânsito.

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