quinta-feira, maio 17, 2018

Biologia

O micro system Aiwa carrossel com cinco cds que habita minha mente, esta manhã, tocou:
Hoje é festa lá no meu apê.
Poderosa, rainha do funk.
A Nona Sinfonia de Beethoven.
O plantão da Globo.
E as flores de plástico não morrem.

O estômago de avestruz que reside sob minha pança, esta tarde, digeriu:
Um enroladinho assado de presunto e queijo.
Uma Coca zero um pouco quente.
Quatro xícaras de café um tanto frias.
Um sapo.
Seu batom vermelho.

Os pés de pato que uso nas aulas de natação, esta noite, me ajudaram:
A nadar feito um peixe.
Tal qual borboleta.
Como um cão.
Mas, não evitaram o iceberg e que,
como Jack, eu afundasse.

quarta-feira, maio 02, 2018

O que eu gostaria de ver nesta vida

Se tem uma coisa que eu gostaria de ver nesta vida é uma invasão alienígena.

Surgir, do nada, do meio das nuvens brancas e cinzas, uma navona em formato de prato.
E, de repente, sair dela um monte, um milhão de navinhas pequenininhas, tipo caças alien.
Cada uma voar prum canto e tomar todo planeta, para a glória da inteligência extraterrestre.

Até a Groenlândia. Até o Polo Sul, o local certinho, lá onde nem pinguim chega.
O quartinho de empregada da casa da minha vó, que nunca viu empregada nenhuma, só tralha velha.
A lanchonete nova que abriu naquele prédio da avenida onde nunca vira nada - e nem rato se aproxima.
O lugar onde Judas perdeu as botas.
O túmulo do Soldado Desconhecido.
Uru.
A sala onde o Palmeiras guarda o Mundial.
Dominação total.

Seria muito louco.
Todo mundo escravizado. Levando chibatadas duns chicotes feitos de raio laser, de elétrons, essas merdas.
Tendo que levar pra nave-mãe todas as nossas riquezas. Ouro, diamante, esmeralda - que a gente ia ter que morrer pra cavoucar das profundezas. Arrancar uma por uma todas as árvores da Amazônia. Matar todas as baleias, sangrar todos os ursinhos panda. Entregar nossas crianças. Nossos álbuns de figurinhas. Sem dó de nada.

Um pobre ia apontar e dizer: olha lá rei da Dinamarca carregando pedra!
Outro pobre ia apontar pro primeiro pobre e afirmar: nós também, como sempre!
E os ETs cabeçudos, com as mãos na cintura, assistindo todo mundo trabalhar até a última ponta.
E o chefão de todos eles ia dar aquela gargalhada HAHAHAHAHA quando a navona ficasse pesada dum tanto que quase não conseguisse mais voar.

Mas, ia voar sim, decolar balançando, derramando coisas grandes em nossas cabeças, matando quem porventura ainda estivesse semivivo.

Iriam embora.
E a gente ficaria.
Esperando, de Alcácer-Quibir, a volta do rei Dom Sebastião.