terça-feira, outubro 27, 2009

Fundo do baú 2

Aeee! Este foi em homenagem ao banheiro da república em que morava em Little London, que não parava de vazar! Bons e desgraçados tempos aqueles!

O BANHEIRO DO 602

Tudo vaza neste banheiro!
A pia espanou!
O chuveiro goteja!
A privada não dá descarga
e o bidê, sempre bonzinho,
revoltou-se
e começou a chorar!

Meu Deus do céu!
Já viu o preço do encanador?
Os olhos da cara...
Vinte reais só a visita!
Vou eu mesmo consertar
esta úmida algazarra!

Trago chave de boca, de olhos e ouvidos.
Chave inglesa, francesa e norueguesa.
Porcas, porcos e todo o resto da família.
Aperto isto, atarracho aquilo.
Tampo cá, solto acolá...
E continua tudo na mesma!

Desistir, pois nunca!
Nem que seja para piorar!
Mas, por enquanto, chega de arte.
Vou sair na surdina e mijar em outro lugar!

Até dentro de casa chove
nesta cidade de Londrina!

sábado, outubro 24, 2009

Fundo do baú

Achei um disquete (!) com umas tranqueiras velhas que vou estar colocando para você poder ir lendo, certo?
Este é de nove anos atrás. Quando eu era meio sádico e adorava um dramalhão gratuito.
Tbm tem um pouco de A Causa Secreta, do Machadóvsky, aí.

A PIADA

Sentado sobre o muro escutava
o menino a piada que dizia
o outro, seu amigo.

Ela, em palavras quanto
mais crescia, mais ao
menino gargalhadas levava.

Parar queria mas não podia,
na barriga já a dor incomodava.
A suportá-la, pois, foi
que o menino levou as coxas ao abdôme.

Dobrado, sem equilíbrio,
tombou do outro lado
e por um ferro retorcido
foi-lhe o peito perfurado.

Morto, foi velado,
chorado e sepultado.

O amigo, quando do enterro
voltava (e por ser amigo
no enterrro chorara),
sorriu e pensou que só
morrera seu amigo
por ter sido a piada
simplesmente perfeita.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Histórias bizarras

Histórias bizarras! Estas sim! Sem limites! Não dão satisfação! Não explicam a que veio, apenas vão! Histórias bizarras te levam sem que você perceba. É aquela que você ouve sem querer e te prende. É aquela notinha de rodapé no jornal mais interessante que a manchete... Um livro de autor desconhecido que conta os fatos com uma mistureba especial. É uma cena bacana numa novela cheia de clichês. É um personagem interessante que por si só atrai acontecimentos inusitados. É a surpresa, o passo torto, a abertura do universo paralelo. Sem finalidade, sem alegoria. Ser por ser e basta! As conclusões são de cada um - e é melhor que não se tenha nenhuma conclusão. Sem prisões, rumo ao centro imóvel da roda - que não gira, mas sustenta e faz girar tudo em volta... Deixa girar! Ar! Vento! Pano balançando! Fluxo intermitente. O mundo vivo é aquele que se move.