Feia e espontânea,
como as coisas
que não se preocupam
com o que são,
assim se deita
a musa inspiradora
em meu colchão.
Deita, mas não
me toca.
Me olha nos olhos,
boceja e ri.
Nua e despudorada,
rouba minha coberta,
abre-se em estrela,
me empurra fora da cama
até eu cair.
Me encolho no chão gelado,
faço de travesseiro o assoalho,
tremo feito um chocalho
- até a manhã surgir.
Levanta minha musa,
espreguiça o corpo inteiro,
bota sua blusa azul
e sai.
Dá bom dia ao porteiro,
devolve o troco mal contado
ao jornaleiro,
almoça, solta um arroto
e volta.
Passa a chave na porta,
liga o rádio, televisão
fuça na internet,
toma banho,
limpa os ouvidos com cotonete,
assovia uma canção
e morre,
sem me estender a mão.
terça-feira, agosto 18, 2015
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