Era uma vez um coelho. Era branco, tinha orelhas pontudas e o infeliz hábito de comer de boca aberta. Um dia, o rei leão foi visitá-lo. Precisava de ajuda para entender a vida, assunto que o coelho dominava, depois de tantos anos trabalhando no incrível setor de aparecimento e desaparecimento de cartolas. O leão estava velho e queria saber para onde iam os leões depois da morte. Desapareciam?
- Eu não sei, disse o coelho, mastigando nojentamente uma cenoura crua. Só sei que não deve ser um lugar bom.
- E por quê?, questionou o leão, apavorando-se.
- Os leões são maus, como todos os reis e poderosos, respondeu o coelho.
Enraivecido, o leão foi embora, não sem antes dizer:
- E os coelhos são promíscuos, botam filhos a rodo no mundo e não dão conta de criá-los, deixando ao rei este encargo!
Ao ouvir a porta bater, o coelho apanhou outra cenoura na geladeira e foi ao telefone contar a novidade ao pelicano.
- O rei está no papo, meu caro. É só fechar o bico e não o deixar sair.
E assim foi feito. O rei foi aprisionado, torturado e morto. E a floresta solidária elegeu o sábio coelho seu novo rei.
Meses depois nosso amigo não tinha mais as orelhas pontudas e nem o pelo esbranquiçado. Ao se olhar no espelho, admirou a juba que crescia em volta do pescoço e disse para si mesmo.
- Como estou bonito!
domingo, março 06, 2011
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Um comentário:
É isso... Geralmente é assim que acontece. O rabo dos outros sempre será mais sujo que o nosso...
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