Sono...
Desabou na cama. Não se deu ao trabalho ao menos de pegar o travesseiro. Deitou-se como chegou, de roupa e tudo, em cima da colcha posta. Nem os sapatos tirou.
Não dormiu feito pedra. Sonhou - paradoxo! - que era uma borboleta. Voava, leve, pelos campos iluminados, por entre as flores amarelas, sentindo o ar repartir-se em dois a cada vai e vem de suas asas.
Aliás, que belo par! Multicoloridas, como vitrais de uma catedral antiga. Provocava inveja nas moscas, abelhas e grilos. Era a rainha da pradaria, a pequena que irradiava quando sacolejava as tintas de suas asas.
Tanta festa chamou a atenção de um caçador, que a perseguiu por três tardes. No fim da última, apanhou-a, trancou-a em um pote e voltou para a cidade.
Lá, vendeu a borboleta para um colecionador de insetos, que a matou e a espetou num mostruário.
A beleza que ela tinha havia toda se perdido. E o sono que ele tinha foi todo para o espaço. Acordou muito assustado.
segunda-feira, dezembro 12, 2005
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